quarta-feira, 3 de novembro de 2010

~Poltrona Infeliz.


O local em que ela ficava não era lá muito agradável, tinha apenas uma visão limitada do corredor que ia da ampla sala para a cozinha, portanto não via muito do que acontecia na casa. Contudo, notava algumas coisas, que aconteciam todos os dias.

O marido acordava mais cedo, preparava o café na cozinha e o levava para a sala, onde senta-se para ler o jornal. Assim que a esposa acordava, ele se despedia e ia para o trabalho, enquanto ela ligava o rádio e acordava a filha, que saía da cama reclamando, para ir ao colégio. As duas saíam, e a Poltrona tinha quase certeza que a esposa levava a filha ao colégio e depois ia trabalhar.

As horas seguintes eram de silêncio e solidão. A família não tinha nem cachorro, nem gato e nunca deixava a televisão ligada para a Poltrona assistir.

A filha era a primeira a chegar, bufante e cansada, subia as escadas e batia a porta do quarto. Em seguida chegava a esposa, com uma sacola de compras, que ia direto para a cozinha preparar o almoço. Por último, chegava o marido, extremamente cansado, que apenas largava a pasta, tirava os sapatos e sentava na poltrona para assistir televisão. Sempre reclamava do quanto era velha e desconfortável aquela poltrona.

Cansada dessa vida monótona, sem graça e rotineira, a Poltrona se suicida, atirando-se da janela do quinto andar em que a família morava.

O que ela não sabia é que, o marido irritado com a esposa, num ato de ira, que a havia arremessado pela janela. Contudo a Poltrona teve uma morte bem confortável, a filha que estava saindo de casa naquele momento, amorteceu a queda.

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