sábado, 4 de dezembro de 2010

~Os três coelhos brancos - Parte 3.

Os três coelhos abriram a porta com olhar desconfiado e andando sobre apenas duas patas. O coelho maior e mais gordo tinha um olhar 43 do mal e me encarava seriamente. Naquele momento eu pude ouvir uma criança falando algo, não dava pra saber o que exatamente, contudo não percebi medo em sua voz fina. Foi uma cena estranha e engraçada, eu sempre vejo humor onde não há. Os três coelhos estavam parados de frente para mim, me olhando nos olhos. Ouço um deles falar para o outro "Ela saiu da sala. Ela viu". Continuei a assobiar, tentando disfarçar o medo em meus olhos, porém isso era difícil. De repente os coelhos formam um círculo e começam a cochichar, eu não ouço nada. O coelho mais magro sai da sala e só ficam o coelho de tapa-olho e o gorducho, que sentam-se à mesa junto a mim. "Nós sabemos que você sabe do nosso segredo." "Como assim, eu não sei de nada, eu juro, eu não sei!", mas eles sabiam que eu sabia, mesmo que eu não soubesse que eu sabia o que eles pensavam que eu sabia. Nesse momento, volta o coelho magricela, acompanhado de um menino gordinho, todo babado e sorrindo debilmente com os dentes cheios de chocolate. O coelho de tapa-olho indaga com sua voz rouca "Mande ele falar" e o coelho magricela cutuca a barriga do menino que diz "Eu amo chocolate, eu gosto mais da Páscoa, eu não gosto de Natal, eu odeio o Papai Noel e vou matá-lo". O coelho do tapa-olho dá um meio sorriso e manda o magrelo levar o menino. "Pronto, viu só" e voltou a sorrir. Não entendi nada. Mas perguntei um tanto espantada "Como assim, vocês não matam as crianças?" "Claro que não, menina tola, só escravizamos elas e as fazemos odiar aquele velho gorducho de vermelho". Suspirei aliviada, pedi para sair, mas antes eles me convidaram para tomar mais uma última xícara de chá, enquanto discutíamos a popularidade do Noel relacionada com a política na Europa no século XIX.

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